Título: CIÊNCIA, RAÇA E IDEOLOGIA NA BAHIA DOS DOUTOS E LETRADOS: UM ESTUDO NO CAMPO DA HISTÓRIA DAS CIÊNCIAS SOBRE AS FALAS E OS OLHARES DOS HOMENS DE CIÊNCIAS NA CIDADE DA BAHIA DA PRIMEIRA REPÚBLICA
Discente: Carlos Ailton da Conceição Silva
Orientador: Moema Vergara
Coorientador: Juan Manuel Arteaga
Debatedor(a): A definir
Resumo: Na republica velha, a História era uma ciência que abordava a “versão oficial” de um passado mítico e glorioso. Um conhecimento comprometido com a versão memorialista das elites. Na sua pretensão de legitimação científica, a ciência histórica, precisava de métodos, fontes e teorias. Esse arcabouço epistêmico viria das ciências humanas e sociais europeias. Contudo, outras ciências serviram de referência para legitimar a narrativa histórica local. Teorias importadas da biologia inspiraram cientistas sociais no Ocidente e tiveram seus ecos [re]significado s em terras baianas. Pode-se destacar o Darwinismo social, ao propor a classificação humana em raças, de acordo com as suas características “biológicas” específicas. Debates sobre hierarquização das raças ocorreram em diversos espaços sociais. Algumas instituições científicas propagaram essas ideias: na Bahia, a Faculdade de Medicina da Bahia, a Academia de Letras da Bahia e o Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB) congregavam médicos, engenheiros, advogados e políticos. Cabe ressaltar, que a esta época, a produção historiográfica que chegava às instituições e às famílias baianas eram uma espécie de memória cristalizada legitimada pelos moldes científicos europeus. Alguns, como é o caso do livro História da Bahia: um resumo didático, de Pedro Calmon, eram manuais de pesquisa, que traziam na narração dos “fatos”, a compreensão de que os males sociais do Brasil deviam-se a inclusão do negro em sua constituição racial. Apesar do discurso assimilacionist a, Vigoravam afirmações que colocavam os mestiços como racialmente degenerados. A questão racial estava no centro da ideia de nação “forte”. O racialismo era um discurso científico que enunciava uma hierarquia social antes ocupado pelo discurso escravocrata: aos negros estava colocada a condição de subalternos; aos indígenas o estágio de seres humanos “infantilizados ”; e aos brancos a condição de superioridade. Assim, a ciência deu conta de um processo ideológico discursivo de [re]ordenamento social de classes e de cores.
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