Título: SABERES AMBIENTAIS NAS MARGENS ESCOLARES PARA UM ENSINO DE CIÊNCIAS CULTURALMENTE SENSÍVEL
Discente: Javier Giovanny Sánchez Molano.
Orientadora: Rosiléia Oliveira de Almeida.
Debatedora: A definir
Orientadora: Rosiléia Oliveira de Almeida.
Debatedora: A definir
Resumo: A periferia urbana da América Latina (ZIBECHI, 2015), tem características socioculturais e históricas que impõem desafios para pensarmos oensino das ciências intercultural (MOLINA, 2010), desde uma perspectiva crítica. Processos históricos e cumulativos de migração e marginalização se expressam atualmente em carências materiais, injustiça socioeconômica, conflitos étnicos-raciais, de gênero, classe, identidades... Estes conspícuos territórios, insulares, coloridos, amorfos, demográfica e afetivamente densos são projetados dentro dos contemporâneos fluxos simbólicos e materiais da globalização como espaços fluidos, híbridos, de transição e contato intercultural (CANCLINI, 1997). Ali se produzem os encontros entre ancestralidades, ruralidades multicoloridas, histórias, dores, resistências com o cosmopolitismo homogeneizador e hegemônico característico da modernidade capitalista; com suas instituições e conhecimentos organizados em disciplinas e pacotes curriculares (SANCHEZ, 2016). Pensarmos a escola, a educação, o professor e o ensino de ciências nesses cenários requer um esforço coletivo e transdisciplinar para abordar uma compreensão crítica das estruturais dinâmicas socioeconômicas e das históricas relações de colonialidade, opressão, violência, marginalização das quais em grande medida esses territórios são resultado. Ao mesmo tempo, exige um olhar antropológico, esperançoso e político para reconhecer e visibilizar as potencialidades da enorme riqueza cultural e da complexa dinâmica intercultural que muitas vezes tenta ser silenciada e apagada (GIROUX, 1986), (WILLIS, 1991).A partir desse contexto de interesse, estamos seguindo através de uma caminhada etnográfica os traços, murmúrios, práticas, desejos e significados de professores de ciências naturais que desenvolvem sua vida profissional em escolas localizadas na periferia de Salvador Brasil e Bogotá Colômbia. Pretendemos compreender os relacionamentos estabelecidos entre práticas e identidades docentes; os saberes científicos formatados em áreas curriculares; os conhecimentos populares que aparecem nas comunidades e nas escolas em forma de gambiarras e bricolagens; e, os projetos estruturantes. Considerando estes últimos como brechas ou interstícios institucionais (SORRENTINO et al, 2005), onde podem surgir dinâmicas pedagógicas que possibilitem um sentido ético da educação científica culturalmente sensível (EL-HANNI E MORTIMER, 2007), (COBERN E LOVING, 2001), (CHAVES, 2013); direcionada à construção de cidadanias ambientalmente responsáveis (CARVALHO, 2012). Para isso, ativamos e articulamos teoricamente conceitos como artes de fazer (CERTEAU, 2013), saberes ambientais (LEFF, 2010), ecologia de saberes (SANTOS, 2009), tradução cultural (BHABHA, 2013) que nos oferecem luzes para a descrição cultural, a compreensão crítica e a projeção emancipatória dessas dinâmicas políticas e interculturais que estão potencialmente presentes nesses cenários escolares.
Português, Brasil